Há 20 anos, representantes das Nações Unidas
reafirmaram o compromisso pela Educação
para Todos com a elaboração da Declaração de Salamanca: sobre princípios, políticas
e práticas na área das necessidades educativas especiais (1994).
Desde
então, é possível perceber que houve muitos avanços no que se refere a leis,
decretos e resoluções, tanto em âmbito nacional como estadual, porém, muito
pouco com relação à políticas públicas e ações formativas para que a aprendizagem
dos estudantes com deficiências seja de fato garantida.
Algumas
ações têm sido propostas com relação à educação no Estado de São Paulo, mas,
dentre tantos desafios, ainda é preciso acabar com o preconceito,
sensibilizando e oferecendo mais conhecimento à sociedade como um todo a fim de
que as habilidades de cada um sejam valorizadas e evidenciadas, e não somente
as suas deficiências e necessidades. É sabido que talvez o maior desafio seja a
quebra de paradigmas e a ressignificação de conceitos, que, por meio de ações
concretas que incluem discussões e reflexão em todos os níveis educacionais é
possível de ser vencido, porém, sabe-se que não é fácil, afinal, a cultura e os
valores diferem de pessoa para pessoa. É um trabalho de “formiguinha” mesmo.
Pensando
neste contexto, talvez seja preciso partir da sensibilização e formação dos
gestores, que, com o conhecimento adequado, uma forma de ver o aluno com
deficiência de maneira mais sensível e, portanto, mais humanizada e a
determinação de fazer sua gestão mais democrática e participativa, terá muito
mais competência em motivar toda comunidade escolar a participar mais de ações
diretivas ao processo de inclusão, a começar pela elaboração colaborativa e
cooperativa do PPP.
Os
professores, por outro lado, precisam de segurança para atender seus estudantes.
Esta segurança estaria em buscar conhecimento adequado e disponibilidade para
discutir e trocar experiências com seus pares. A formação em serviço e a partir
de sua própria realidade poderia contribuir com a mudança de prática pedagógica
a fim de oferecer a seus alunos uma aprendizagem significativa e adequada.
Neste
sentido, a CORE Assessoria Pedagógica, contempla o que na Declaração de Salamanca
(1994) chama de recrutamento e
treinamento de educadores, mas que categoriza de “menor desafio”, o
treinamento em serviço.
Não
sei se é o menor ou maior desafio diante das condições que temos hoje nas
escolas, porém, a CORE acredita ser
possível, transformando os horários de trabalho pedagógico coletivos em
momentos de reflexão, troca de experiências e estudos de caso. Para tanto, a
escola como um todo, demandaria somente da mudança de prática e claro, da
quebra de paradigmas quanto a este horário de atividades pedagógicas coletivas.
Afinal,
é no enfrentamento
dos novos desafios colocados pela Educação Especial e Inclusiva que o professor
[e gestores], buscando cursos de formação e aprimoramento, compartilhando suas
dúvidas e inseguranças com os colegas e profissionais da área, solicitando os recursos
dos quais necessita e fazendo o melhor que seus conhecimentos lhe vão
permitindo, vai adquirir novas habilidades e competências para responder de
forma satisfatória a estas novas demandas. (SANTOS; NEME, 2014, p.8)
Além do desafio de
sensibilizar gestores e permitir a reflexão e mudança da prática dos
professores a fim de garantir a aprendizagem de todos, especificamente para o
aluno com Transtornos do Espectro Autista, é imprescindível que toda comunidade
escolar esteja apta a receber este estudante adequadamente a fim de que suas
habilidades sociais possam ser desenvolvidas. Esta “aceitação” da comunidade
estaria diretamente vinculada aos dois desafios citados anteriormente, pois,
gestores e professores sensibilizados e bem formados teriam a função de
acolher, sensibilizar e oferecer o conhecimento necessário a toda esta
comunidade escolar.
Referências
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES
UNIDAS [ONU]. Declaração de Salamanca: Sobre Princípios, Políticas e Práticas
na Área das Necessidades Educativas Especiais. Salamanca, 1994. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf
Acesso em 21 set. 2014.
SANTOS,
M.A.P.; NEME, C.M.B. A profissão docente e o cotidiano escolar: questões
reflexivas e dilemas éticos da Educação Especial e Inclusiva. 2014. E-book
Redefor Educação Especial: TGD. Disponível em: www.acervodigital.unesp.br/bitstream/unesp/155317/1/unesp-nead_reei1_ee_d05_texto2.pdf
Acesso
em: 21 set. 2014.
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