Bem sabemos o quanto está difícil
a sala de aula hoje em dia, não é mesmo? Salas superlotadas, alunos
indisciplinados, falta de recursos, sem falar na falta de incentivo moral,
psíquico e econômico.
Para “ajudar” há esta tal de
escola inclusiva, a qual se trabalha com uma diversidade que não conhecemos e
que não fomos formados para formar. São pessoas com diversos tipos de
deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e superdotação e altas
habilidades que se misturam àqueles que não se encaixam em nenhum destes
quadros, nem mesmo à normalidade, mas que apresentam dificuldades de
aprendizagem, déficit de atenção, transtornos de humor, etc, etc, etc.
O professor no mínimo deve ser
um super-herói não é mesmo? Não. Não há necessidade para tanto.
Vamos pensar em especial no árduo
trabalho com os alunos com transtornos globais do desenvolvimento (TGD), ou como queiram transtornos do espectro autista (TEA), ou ainda, simplificando, os
autistas. Este público, em especial, é especial, não? Cada um é um. Cada um com
um conjunto distinto de características, introspectivos ou hiperativos, não
verbais ou falantes demais, agressivos ou passivos, ótimos em matemática ou em
música, enfim, uma infinidade de características que percebemos com o convívio
e que nem sempre sabemos lidar.
Imaginem um estudante que apresente
grau leve de TEA, síndrome de asperger, inteligente, falante, hiperativo,
rigidez de pensamento, dificuldade em lidar com frustrações e muita dificuldade
em sociabilização. Chega à escola, como de costume, dirige-se à sala de aula
com uma rotina organizada em sua mente (sim eles se prendem muito a rotinas!),
e de repente é surpreendido com a notícia de que naquele dia o professor de
matemática faltará.
É a disciplina que ele mais
gosta, está mais adiantado que toda a turma e estava ansioso pela aula (sim
eles podem sofrer de transtorno de ansiedade!) porque tinha feito um exercício
extra e queria muito saber a resposta. Pronto, a rotina que antes estava
organizada se desorganiza e causa um enorme desconforto. Este aluno levará um
tempo até que tudo volte ao seu lugar internamente. Até aí tudo bem, não fosse a
professora da aula seguinte entrar e dar o seguinte comando: façam um texto de
20 linhas sobre suas férias. O aluno questiona a professora, usando seus
argumentos: não vou fazer porque agora era aula de matemática e não sou obrigado
a contar sobre as minhas férias para ninguém. A professora responde usando os
seus argumentos: problema seu, vai ficar sem nota. Pronto, o que estava desorganizado
contribui para que este estudante não consiga pensar que aquela professora
estaria cumprindo o que fora lhe ordenado, no caso, cobrir o horário e cumprir
com o conteúdo, e que se conversasse adequadamente talvez pudesse chegar a um
acordo com a mesma, como qualquer outro aluno pudesse fazer. Booom! A aula
acaba ali, professora destroçada, aluno extremamente agressivo e desconsertado,
vamos chamar a família (este é um assunto para um próximo post).
A prática pedagógica nos permite
manobras, até em momentos como este, e se pararmos para refletir sobre nossa ação
docente perceberemos que fazemos muito, mas é a busca por conhecimento, a
atualização de saberes e a leitura constante que nos faz cada vez melhor e mais
próximo da realidade que temos.
Tenho certeza de que devem estar
pensando: na teoria é uma coisa, na prática é outra... Concordo, mas em partes. Pode
ser que com a prática aprendemos a lidar com o problema ali, naquele momento,
mas o que estaria por trás daquilo tudo? Como evitar para que não aconteça
novamente? O que precisaria ter feito para evitar que acontecesse?
O mundo mudou. Nós mudamos.
Nossos alunos mudaram. E nossa prática docente, é a mesma de quando nos
formamos? Mario Sérgio Cortella, em palestra sobre os paradigmas da tecnologia
na educação, nos chama de “professores mornos” se assim pensamos (clique aqui
para saber mais), diz que se “Eu nasci a 10000 anos atrás” como dizia Raul
Seixas, e continuo pensando como tal, não cresci, não aprendi. Logo, se não sou
bom “aprendente”, não sou bom “ensinante”.
Sendo assim, para saber mais
sobre TEA, sugiro algumas andanças pelas quais iniciei minha jornada como
professora de adolescentes com autismo e mãe de Aspie... Divirtam-se:
Eu desejo Muito ser uma professora de Educação Especial. Você pode me indicar por onde começar?
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